terça-feira, 27 de setembro de 2016

VITORIOSA


Descendo a Getúlio Vargas,
Ali na altura da Glacial
Vi uma pedra estranha 
No chão, lá longe...
Continuei caminhando
Olhando alucinada aquela pedra
Se alguém tentasse pegá-la eu correria,
Gritando É MINHAAAA, É MINHA
Mas ninguém a viu.
Só eu.
Afortunada.
Me aproximei.
Parecia um pedaço de kriptonita.
Mas logo percebi a realidade nua e crua:
ERA UM PEDAÇO DA LUA.
Muita sorte para uma garota como eu!
Olhei ao redor e antes que alguém notasse
Peguei a pedra.
Entrei numa loja e pedi pra usar o banheiro.
A respiração ofegante.
A moça me mostrou uma portinha horrorosa nos fundos da loja.
Entrei.
Senti cheiro de água sanitária.
Tirei a pedra da bolsa.
"Um pedaço da Lua, Enedina! Só você mesma..."
Tirei a blusa, abri com os dedos a pele e afastando músculos e ossos vi o buraco que você deixou quando me arrancou o coração.
Depositei a pedra de Lua naquele espaço.
Reorganizei tudo dentro de mim.
Fui tomada por uma forte onde de frio e depois de calor,
Meus olhos arderam e senti calafrios da espinha até a nuca.
Choques elétricos percorreram meus nervos.
Mas eu não gritei.
Eu calei.
Eu esperei aquele torpor passar.
E quando eu saí da loja, estava tudo normal.
Mas eu não estava mais morta.
Eu havia renascido!
E até hoje quando passo na Getúlio Vargas
Lembro daquele dia 6,
Em que tive numa nova chance
E agarrei.

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